Na escuridão fria de uma quinta-feira, a delegada Lívia Sampaio liderava uma das maiores operações da Polícia Federal. Seu alvo: Dante Moret, um criminoso sofisticado, influente e praticamente intocável. Ele comandava um império que ia da lavagem de dinheiro ao tráfico internacional. Pela primeira vez, havia provas suficientes para prendê-lo. Mas ninguém imaginava que o verdadeiro desafio começaria depois da prisão.

Lívia era reconhecida por sua frieza e determinação. Sua equipe confiava nela, mesmo diante de um inimigo que parecia saber de cada passo deles. Quando finalmente invadiram a mansão de Moret, ela esperava confronto, resistência. Mas encontrou silêncio. Dante os esperava sentado em seu escritório, calmo, como quem recebe uma visita anunciada. Seu olhar direto e provocante tirou o fôlego de Lívia. E naquele instante, ela percebeu: havia algo além do perigo. Havia uma tensão invisível, mas real.

Ele sorriu. Não com medo. Com desafio.

— Finalmente, delegada. Estava esperando por você.

Ela o prendeu. Formalmente. Acusado de crimes pesados, Moret foi levado a uma cela de segurança máxima. Mas a delegada sabia que nada ali era simples. Nem a prisão, nem ele. Cada vez que se encontravam para interrogatórios, o clima entre eles ficava mais denso. Ele falava pouco, mas olhava muito. E quando falava, dizia exatamente o que ela tentava esconder até de si mesma.

— Você realmente acha que me prendeu? — ele provocou, certa vez. — O jogo mal começou, Lívia.

E ele estava certo. Por mais que ela tentasse manter o controle, algo nela começava a ruir. Era mais do que o magnetismo físico. Era a forma como ele conseguia atravessar suas barreiras. Como se enxergasse aquilo que nem ela reconhecia.

Lívia se pegava lembrando das conversas. Do cheiro dele. Do calor do olhar. E odiava isso. Mas não podia negar. Dante Moret estava sob sua custódia, mas era ele quem havia invadido sua mente.

Fabiana, sua colega de equipe, percebeu.

— Você está diferente — disse ela, entregando documentos sobre um pedido de prisão domiciliar feito pela defesa de Moret.

Lívia reagiu com raiva.

— Eles estão brincando comigo? Ele ainda é uma ameaça. Não podemos deixá-lo sair.

Mas a dúvida já estava plantada. Fabiana insistiu:

— Você precisa descansar. Está se envolvendo demais… com ele.

Ela não respondeu. Sabia que, no fundo, havia verdade naquelas palavras.

No dia seguinte, mais uma vez, encarou Dante na sala de interrogatório. Ele a provocava com frases ambíguas, com olhares penetrantes, com a calma de quem sabia exatamente o poder que tinha. E Lívia, por mais que lutasse, sentia que estava sendo arrastada para um lugar perigoso.

— Você e eu, Lívia, estamos ligados. Você sente isso. Só não quer admitir.

A voz dele a tocava mais fundo do que deveria. Era como um veneno lento. E ela, cada vez mais, parecia perder o antídoto.

Era um jogo. Mas não um jogo comum. Não entre polícia e criminoso. Era algo mais íntimo, mais perigoso. Um duelo silencioso entre razão e desejo.

Ela queria vê-lo pagar por tudo o que havia feito. Mas também queria entender o que ele despertava nela. E essa curiosidade, esse impulso, era seu maior ponto fraco.

Dante Moret, o homem mais perigoso que já prendeu, havia conseguido o impensável: quebrar as defesas da delegada mais implacável da força-tarefa.

E no fundo, ela sabia… esse jogo ainda estava longe de acabar.