Neymar Jr. foi, durante muitos anos, o nome mais falado do futebol brasileiro. Desde os primeiros dribles no Santos até a sua volta ao clube em 2025, o camisa 10 viveu uma montanha-russa de glórias, polêmicas, lesões e escolhas que dividiram opiniões. Hoje, aos 33 anos, o que se vê é um jogador entre o amor incondicional de parte da torcida e a frustração de quem esperava mais.

Tudo começou cedo, lá em Mogi das Cruzes, onde um garoto franzino mostrava talento incomum no futsal e chamava atenção por sua agilidade e ousadia. Com apenas 11 anos, já fazia parte da base do Santos e logo foi apelidado de “futuro craque do Brasil”. Aos 17, estreou no profissional do clube e, em pouco tempo, virou protagonista. Os gols, os dribles, a irreverência… Neymar era entretenimento puro.

Entre 2010 e 2013, empilhou títulos e prêmios com a camisa do Peixe: Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Libertadores. Dentro de campo, era um show. Fora dele, um fenômeno midiático. Foi nesse embalo que chegou à Seleção Brasileira, ainda muito jovem, com o peso de carregar o sonho de um país que clamava por um novo herói após a era Ronaldinho.

A ida ao Barcelona em 2013 foi cercada de polêmicas, mas ali Neymar viveu o auge técnico da carreira. Ao lado de Messi e Suárez, formou o histórico trio MSN, que conquistou tudo em 2015: Liga dos Campeões, Campeonato Espanhol, Copa do Rei. Neymar não apenas fazia parte do time; era decisivo. Foi top 3 do mundo. Parecia questão de tempo até levantar a Bola de Ouro.

Na Seleção, o ponto alto veio em 2016, com a inédita medalha de ouro olímpica conquistada no Maracanã. Mas o que poderia ter sido a consagração definitiva, em 2014, terminou em tragédia esportiva: uma joelhada nas costas tirou Neymar da Copa do Mundo no Brasil. E o que veio depois, todos lembram — o 7 a 1 para a Alemanha.

Em 2017, veio a escolha que mudou tudo: deixar o Barcelona rumo ao PSG. O plano era simples: sair da sombra de Messi, ser protagonista absoluto e vencer a Champions por um novo clube. Mas a realidade foi dura. A liga francesa não oferecia os mesmos desafios, os conflitos internos e as lesões se tornaram constantes, e Neymar começou a se afastar dos holofotes.

Na Copa de 2018, era a chance de dar a volta por cima. Mas o que ficou marcado foram as quedas exageradas e a eliminação precoce. O talento ainda estava lá, mas a imagem pública já começava a rachar.

Quando foi para o Al-Hilal, da Arábia Saudita, em 2023, com um salário milionário, muitos viram como um fim prematuro de uma carreira que poderia ter sido lendária. Para piorar, uma nova lesão grave interrompeu novamente sua temporada. Aos 31 anos, Neymar parecia distante de qualquer chance de brilhar novamente em alto nível.

Mas então, o retorno: em 2025, ele rescinde com o clube árabe e volta ao Santos. O anúncio foi comemorado como se fosse uma final de campeonato. A segunda passagem, porém, até agora tem sido mais simbólica do que prática. Ele marcou gols bonitos, deu assistências e reacendeu a paixão da torcida, mas também enfrentou lesões, contraiu COVID e foi expulso em jogo importante.

Mesmo assim, renovou contrato até o final do ano. Não por performance, mas pelo que representa. Neymar é mais que um jogador: é uma figura que marcou toda uma geração.

O debate continua: ele fracassou ou foi vítima de suas circunstâncias? Seria justo chamá-lo de promessa não cumprida, sendo que venceu tudo por onde passou? Neymar foi sim gigante, com números impressionantes e momentos inesquecíveis. Mas ficou a sensação de que poderia ter sido mais.

Hoje, aos 33 anos, de volta onde tudo começou, ele tenta encerrar sua trajetória com dignidade e carinho. E talvez seja esse o legado final de Neymar: alguém que encantou o mundo, caiu, levantou, e decidiu voltar às raízes. Porque, no fim das contas, às vezes, ser eterno não é ser perfeito — é apenas não ser esquecido.